Comidinhas do interior na Casa de Noca

De casa, da roça e do quintal

PlacaUma placa de madeira com o nome Iguaria Patrimonial, instalada em um stand, durante um evento gastronômico, em Salvador, foi o chamariz para essa narrativa. Ao lado da placa, uma senhora rodeada por sequilhos, avoadores, chocolates e muitos derivados de mandioca. Marcamos uma entrevista, como combinado pelo telefone e encontrei a Dona Virginia, na tarde de uma quarta- feira chuvosa, no bairro do Rio Vermelho, na Casa de Noca.

Fui conhecer o local com uma ideia formada sobre a D. Noca. Pensei em uma anciã da família, bisavó de uma geração, senhora dos cabelos grisalhos e com dom para a culinária. Cheguei lá e fui recebida pela Virginia Porto, proprietária do estabelecimento e a entrevistada. Curiosa, perguntei quem foi a D. Noca. Ela respondeu: “Noca é uma expressão popular. Aqui (na Bahia), vocês não usam a expressão “Aqui é a Casa da mãe Joana”? Então, é o mesmo significado. Fiquei decepcionada, confesso, que nem criança quando descobre que Papai Noel não existe, mas dei sequência à entrevista.

Apresentação

Sentadas em banquinhos, rodeadas por gostosuras como compotas, sequilhos, beijus, pipocas, bombons, avoador e uma decoração artesanal com arranjos de flores, pássaros de madeira e uma composição que lembra mesmo a casa da vovó tradicional, Virginia e eu proseamos por duas horas para conhecer a história da Casa de Noca e seus produtos.

 

A primeira unidade da Casa de Noca foi na Ceasa do Rio Vermelho, há 25 anos, onde Virginia passou a vender seus produtos caseiros. As “comidinhas de casa, da roça e do quintal”, logo tiveram que migrar por conta de uma reforma na Ceasa. Foi inaugurada, há quatro anos, o espaço na Rua do Canal, no mesmo bairro boêmio. Recentemente, foram inauguradas as lojas em Vilas do Atlântico e na Pituba, essa porque um rapaz – que ela prefere não identificar – se encantou com a loja e fez uma proposta de abrir uma outra filial.

Fabricados pela equipe da Casa de Noca, os alimentos são patrimoniais, isto é, com receitas  passadas de geração a geração e em busca do resgate dos valores regionais e,  principalmente,  sociais. As fabricações vêm de interiores da Bahia como Jequié e Cruz das Almas. Dona Virginia conta que as instalações da produção  ficam no meio do mato, literalmente,  e são oportunidades para os trabalhadores  rurais  que  participam da fabricação. Em uma das suas histórias, ela conta que  já viajou para o  interior  só  para ensinar uma receita de beiju que ninguém estava acertando fazer. Exigente , ela? Sim,  afirma sem delongas.

O que vimos na Casa de Noca “Os produtos patrimoniais são sequilhos e derivados de mandioca. Com receitas das bisavós,  avós e mães. Fazem parte da cultura regional e muitas pessoas, quando comem, lembram da  infância, ao lado da família e é essa a intenção dos produtos”, explica D. Virginia.

A Casa de Noca está presente nos melhores eventos gastronômicos, sempre representando as iguarias patrimoniais. Todos os produtos vendidos remetem à tradição nordestina. A receita de tanto sucesso leva ingredientes como determinação, honestidade, criticidade e paixão pelo que faz. Nessa casa, o cliente tem a razão e é tratado como membro da família. O resultado é a credibilidade que a comerciante, formada em Sociologia, passa aos clientes e colegas de profissão, que também são clientes… “até os funcionários da Vigilância Sanitária foram vistoriar o ambiente, gostaram e também se fidelizaram”, conta, sorridente.

 

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*