Brigadeiros para intolerantes e alérgicos. Mas será que é bom?

Brigadeiros. Fotos: Gabrielle Ferreira – Repórter Gourmet.
Das festinhas infantis ao gourmet, o brigadeiro é o delírio e perdição de muita gente por aí, por isso não sai de moda e a sempre ganha novas versões deliciosas. O que não faltam são pitadas criativas para inovar a receita sem perder a autenticidade e para agradar a todos os paladares. E foi pensando nisso que Lea Marie, que se tornou doceira após descobrir ser intolerante a determinados alimentos, como o leite, ovo, glúten e arroz. A partida desta descoberta ela começou a testar receitas de doces para pessoas alérgicas ou que sofrem de intolerância alimentar.

 

Lea Marie. Foto: arquivo pessoal.

 

Tudo começou com testes para consumo próprio, mas o negócio deu tão certo que os amigos começaram a encomendar e ela fez cursos de confeitaria funcional no Rio de Janeiro e criou o ‘Brigadeiro do Bem’, onde faz preparações sem glúten, lactose e caseína em Salvador. Mas será que essa mudança na receita agrada o paladar? Ou melhor, ainda podemos chamar o doce de brigadeiro?

 

Brigadeiro tradicional (esquerda) e versão sem lactose (direita).

 

Para responder a estas perguntas chamamos a fisioterapeuta Sheyenne Santana, intolerante à lactose e da advogada Lígia Romina, que mantém uma alimentação saudável, mas não possui nenhuma restrição alimentar. Ambas adoram doces e toparam experimentar o “Brigadeiro do Bem” e dizer o que acharam.Vale lembrar que a princípio não foi dito quais os ingredientes são utilizados, justamente para não influenciarem suas opiniões. A primeira pergunta para as duas foi se elas gostaram. A resposta foi unânime: “Sim!”.

Ligia
Lígia Romina ao experimentar o brigadeiro do bem e a versão tradicional.

A segunda era sobre o sabor e textura e se condiziam com um brigadeiro tradicional. Para Sheyenne ” é bom demais” a descoberta de um brigadeiro que ela pode comer sem passar mal e ainda ser parecido com o tradicional. ” Sinto um gosto forte do cacau. Lembra os brigadeiros gourmet que já experimentei. Quanto a textura para mim é igual”, comenta a fisioterapeuta. Segundo Lígia o doce é muito parecido. “É difícil discernir o que há de diferente na receita. A textura é um pouco mole, no entanto, eu gostei bastante de modo geral”, ressalta a advogada.

 

Sheyenne é intolerante a lactose.

 

Quando revelado que o leite de vaca era substituído pelo leite de coco e de amêndoas as duas colaboradoras se surpreenderam e acabaram notando o sabor do coco, mas que para elas era suave. Já para mim, o brigadeiro é uma excelente opção para que têm restrições alimentares, contudo o sabor do coco é marcante, mesmo com o leite de amêndoa que corta o sabor forte da fruta, já a textura fica idêntica ao tradicional se for mantido na geladeira. E para todas nós o doce pode ser ainda chamado de brigadeiro contudo que seja identificado como uma releitura para intolerantes e alérgicos.

Especialista

O nutricionista Victor Bahia explica que hoje em dia o tão querido leite de vaca tem sido substituído por outras opções por conta da proteína chamada caseína. Ela desencadeia problemas no trato gastrointestinal, pele e sistema respiratório. Dentre o sistema digestivo o mais comum é vômito e regurgitação que corresponde a cerca de 55% dos casos, cólica (18,9%), constipação (15,3%), sangue nas fezes (14,5%) e diarréia com sangue (6,3%).

“Temos algumas opções para substituição da lactose, dentre elas o leite de amêndoas pois possui um alto nível de fibras naturais solúvel, e insolúvel. Com isso ele tem um papel de protetor intestinal, favorecendo o cólon, ajudando a regular a absorção dos açucares e controlando os níveis de colesterol. Há também o leite de coco que contém nutrientes fundamentais para a promoção da saúde, como: gordura saturada boa, que irá servir como fonte rápida de energia, vitamina C, vitaminas do complexo B, cálcio, selênio, magnésio, fósforo, ferro, potássio, cobre, zinco e manganês e ainda contem proteína, arginina e acido láurico”, afirma o nutricionista que ressalta a importância de procurar um especialista antes de qualquer mudança na alimentação.

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